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Instituição Social: Família


Introdução

Vivemos em um mundo de mudança, isso significa que mesmo instituições podem mudar. A família, que é uma instituição, é uma demonstração disso, pois tem passado por diversos tipos de mudança. Na contemporaneidade, esse processos de aceleraram ainda mais e se tornou de extrema importância entendê-los e compreender como a sociologia tem estudado essa instituição social chamada família.

As Mudanças Atuais nas Configurações Familiares

Algumas mudanças que atualmente podem ser percebidas na família são a menor probabilidade do casamento, pois diversas outras trajetórias de existência se tornaram possíveis, tais como, por exemplo, a centralização da vida profissional como fim último do objetivo da vida de alguém. Junto a isso se vê pessoas casando com uma idade mais tardia do que anteriormente, bem como casamentos mais frágeis. Dito de outra maneira, se tornou muito mais comum o fenômeno do divórcio. Pode-se ainda ressaltar a designação de grupos distintos como família, o que garante, por exemplo, a casais homossexuais os mesmo diretos políticos de casais heterossexuais. Por fim, se percebe uma valorização das relações de intimidade e compromisso, transformando-as em ingredientes fundamentais e principais dos casamentos. 

O Conceito Sociológico de Família

Diante dessas mudanças e sensível a ideia de que a concepção de família não está isenta de influências sociais, a sociologia define a família como um conjunto de pessoas que se relacionam entre si por laços afetivos e vínculos de afinidade e não somente através do casamento e da filiação parental. Pensando a partir disso é possível dizer que os laços de parentesco, os vínculos de afinidade e/ou a necessidade de sobrevivência que aproximam e mantém unidos os membros de uma família. A família, para sociologia possui então algumas propriedades, as quais são:

O parentesco: um sistema de alianças diretas ( pais, avós, irmãos) ou colaterais (tios, primos) que ordena a vida social com especificidades no tempo e em diferentes sociedades. Os integrantes de um rede de parentesco se reconhecem por uma complexa lógica de classificação social, que varia entre os diferentes grupos sociais nas mais diferentes sociedades. 
Relações de dominação: dentro da organização familiar é possível perceber que há diferentes tensões e disputas de poder entre seus membros, as quais estão ligadas a um hierarquia específica onde pessoas obedecem, enquanto outras mantém sua autoridade sobre essas. Apesar se modificarem com o tempo, relações de dominação no seio da família continuam a existir e apresentam o caráter disciplinador que essa instituição possui. 
Tipos diferentes de associação: não existe apenas uma forma de organização familiar, mas diversas delas, as quais se relacionam com elementos culturais, sociais e históricos. Apenas a título de exemplo, é possível falar em famílias nucleares (compostas por aqueles que vivem sob um mesmo tempo); famílias extensas (compostas pelas filiações mais amplas, isto é, aquela engloba avós, tios, primos, etc.); famílias recompostas (quando os cônjuges separados resolvem formar novos núcleos familiares); famílias monoparentais (chefiadas e formadas por um único responsável) e uniões consensuais  (composta por pessoas que resolveram informalmente viverem sob um mesmo teto, tendo a partir disso um relacionamento duradouro marcado pelo afeto).

Entendendo a Família Sociologicamente

A partir do conceito de instituição social e também do conceito de família, pode-se entender que a família está implicada na dualidade preservação e mudança. Ela, assim como toda instituição, está ligada a necessidade de organização e integração social dos indivíduos. Por isso mesmo, a família é um ator importante no processo de socialização, que pode ser entendido como o modo pelo qual nos é transmitido a cultura com a finalidade de nos ajudar a sociedade, principalmente naquele que ainda ocorre na infância, chamado de socialização primária e que pode ser pensado como aquele nos fornece  as condições fundamentais para a vida social. A família tem o papel de conservar a tradição e de através dos laços fortes, que a compõe, garantir apoio social nas mais diversas situações de vulnerabilidade. Família, além de tudo isso, deve ser entendido como um grupo sancionado pela sociedade e que possui direitos e deveres específicos. 

Concluindo...

É possível concluir a partir do entendimento sociológico sobre família que é responsabilidade dessa instituição ditar nossa primeira análise sobre o mundo, isto é, a partir dela, apreendemos os nossos primeiros costumes e nossos primeiros entendimentos sobre o mundo que nos cerca, bem como os primeiros modos de entender a ação nele e também agir sobre ele e nele. Segundo, apesar de estar ligada a questões como a reprodução e parecer algo tão natural, a família possui aspectos de influência cultural e social que são dados na história. Portanto, apesar de ser possível falar que existe uma instituição chamada família, também é igualmente possível dizer que existe diversos arranjos familiares, bem como processos de mudança no que consta aos padrões de comportamento que figuram no interior dessa instituição. 

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