Introdução
No contexto atual, a religião se manifesta em um mundo desencantado, ou seja, em uma sociedade marcada por um movimento de afastamento da esfera do sagrado e adoção de perspectivas menos mágico e mais racionalizado. Algo que também se manifesta internamente a própria religião. A partir do desenvolvimento da modernidade e ascensão do conhecimento científico como forma hegemônica de erudição, a religião deixou de ser um elemento central na organização da sociedade. Apesar disso, ela nunca deixou de estar presente, muito embora se apresente atualmente como um fenômeno em transformação. Uma transformação que está ligada tanto ao aprofundamento do individualismo, quanto os processos destradicionalização que é desencadeado pela globalização.
O papel da religião na contemporaneidade
A contemporaneidade mostra que a tese positivista do fim da religião é falsa. A religiosidade não somente ainda existe como impacta diretamente nas relações sociais. Em uma certa perspectiva, a religião e o sobrenatural ainda atuam como elementos contribuintes da segurança ontológica, isto é, como formas de respostas ao desejo por uma experiência do mundo societário como relativamente seguro e confiável. Em um mundo marcado por incertezas, riscos e inseguranças a religião encontra seu espaço como resposta a angústia existencial, pois, a vida de cada um é dominada pela incerteza radical que afeta tudo aquilo que advém da ação.
A religião na contemporaneidade: apresentação e características
Primeiramente, na contemporaneidade a religião aparece na marginalidade no que toca ao domínio da verdade. Embora ainda produza um regime de verdade, isto é, opere coerções que produzam efeitos regulamentados de poder, a religião encontra-se disputa com outras formas de saberes que criam outros regimes de verdade. Na esfera pública, diversas verdades religiosas convivem, dialogam, competem e se apresentam com outras verdades religiosas e não religiosas. Há, de certa forma, um choque entre tipos de discurso acolhidos como verdadeiros e os mecanismos que estabelecem e distingue os enunciados verdadeiros dos falsos. Neste quadro de pluralismo religioso e de discursos de verdade, a religião se apresenta e forma transformada. Ligada com os caminhos sociais atuais, isto é, com o processo de difusão cultural que é a globalização, a religião se apresenta como destradicionalizada, um abandono de suas tradições mais sólidas em prol do favorecimento do aumento da autonomia individual. Com isso, as religiões, diante disso, necessitam reposicionarem-se identitariamente o tempo todo.
A religião como um sistema simbólico: o poder simbólico do divino.
Embora tenha perdido espaço na arena da existência a religião ainda se apresenta como um fenômeno dotador de sentido para o mundo e para o além. A religião, assim, pode ser entendida como um sistema simbólico. Sistemas simbólicos são instrumentos de conhecimento e de comunicação para a construção da realidade e propiciam aos indivíduos um sentido imediato do mundo social. A partir de seu sistema simbólico, a religião pode apresentar-se como uma ferramenta de dominação, na medida que une e também legitima distinções, reproduzindo os mecanismo de reprodução A religião, portanto, pode ser considerada como uma fonte de poder simbólico.
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