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Desigualdade no Trabalho: a questão racial


Introdução

O trabalho é um fenômeno social marcado por  divisões. Essa divisão social do trabalho, sobretudo a partir da revolução industrial e o triunfo do capitalismo, constrói uma nova maneira de acessar bens e riquezas, neste processo, o fenômeno da desigualdade social ganha ares mais explícitos e um adorno relativo a renda, status e poder.  Mas, como vimos a desigualdade não se dá unicamente no que consta aos elementos sócio-econômicos que se relacionam com o trabalho. Outras formas de desigualdade historicamente construídas envolvem discursos falsos de bases biológicas, entre estas estão as desigualdades de gênero, étnicas e raciais.

As Raízes da Desigualdade Racial

A desigualdade racial no Brasil é resquício da estratificação racial que tínhamos. A escravidão como elemento organizacional de nossa sociedade e economia durou até o final do século XIX. Além da escravidão, tínhamos uma perspectiva teórica que embasava e justificava essa desigualdade social como biológica, seu nome era darwinismo social, o qual legitimava as concepções do racismo científico. Esse processo naturalizou, isto é, construiu em nossa maneira de se construir enquanto brasileiros uma gramática, um entendimento que inferioriza a condição do negro. Há, portanto, em nosso país uma estrutura racista.

O Trabalho e a discriminação étnico-racial

Os mecanismos dessa discriminação se revelam na dinâmica do mercado de trabalho. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos em 2010 mostrou que  população negra teve uma trajetória desfavorável para se manter ou ascender no emprego, quando não comparada com os não negros. Isso ocorre: Entrada precoce no mercado de trabalho devido a pobreza; Dificuldade na conclusão dos estudos básicos e ingresso no ensino superior; Exercício de trabalho informal, precário e maior tempo de serviço para se aposentar; A segmentação do mercado de trabalho e as diversas formas de discriminação possuem ligações com a má distribuição de renda e a falta de políticas valorativas do indivíduo. Embora as cotas sejam uma justa forma de amenização desse panorama, pois atacam diretamente a distribuição de oportunidades, elas são circunstanciais e iniciativas que investem sobre a consequência e não a causa.

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